Pesticida
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Os pesticidas (do inglês pesticide)[1] ou praguicidas são todas as substâncias ou misturas que têm, como objetivo, impedir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga.[1] Um pesticida pode ser uma substância química ou um agente biológico (tal como um vírus ou bactéria) que é lançado de encontro às pragas que estiverem destruindo uma plantação, disseminando doenças, incomodando pessoas etc. É utilizada em diversas formas de seres vivos, tais como: insetos, erva daninha, moluscos, pássaros, mamíferos, peixes, nematelmintos e micróbios. Não são necessariamente venenos, porém, quase sempre, são tóxicos ao ser humano.
Tipos de pesticidas
[editar | editar código-fonte]Os pesticidas são classificados de acordo com as pragas que eles atacam:
- Acaricidas: para o controle de ácaros;
- Bactericidas: para o controle de bactérias;
- Fungicidas: para o controle de fungos;
- Herbicidas: para o controle de ervas daninhas;
- Inseticidas: para o controle de insetos;
- Nematicidas: para o controle de nematoides (vermes);
- Rodenticidas: para o controle de ratos e outros tipos de roedores;
- Moluscicidas: para o controle de moluscos;
- Avicidas: para o controle de passáros;
- Algicidas: para o controle de algas;
- Lampricidas: para o controle de lampreias.
Eles também podem ser classificados em:
- Orgânicos de síntese: carbamatos (nitrogenados), clorados, fosforados e clorofosforados;
- Inorgânicos: à base de arsênio, tálio, bário, nitrogênio, fósforo, cádmio, ferro, selênio, chumbo, cobre, mercúrio e zinco;
História
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Os seres humanos têm usado pesticidas para impedir danos a suas colheitas desde aproximadamente 500 a.C.. O primeiro pesticida conhecido foi o enxofre. Por volta do Século XV, começaram a serem utilizados elementos químicos tóxicos como o arsênio e o mercúrio no combate a pragas em colheitas. No Século XVII, o sulfato de nicotina foi extraído das folhas de tabaco para ser usado como pesticida. Já no Século XIX, viu-se a introdução de dois novos pesticidas: um derivado do Chrysanthemum cinerariaefolium (da família Asteraceae, e o rotenone, que é derivado de raízes de legumes tropicais).
Em 1939, Paul Müller descobriu que o diclorodifeniltricloroetano (DDT) era um inseticida muito eficaz. O DDT transformou-se então rapidamente no pesticida mais usado no mundo. Entretanto, na década de 1960, descobriu-se que o DDT provocava danos à saúde de diversas espécies de aves, prejudicando sua reprodução e oferecendo grandes riscos para biodiversidade. Rachel Carson escreveu o livro best-seller Silent Spring, que criticava e alertava para o uso deste pesticida.
Atualmente, o DDT é proibido em pelo menos 86 países. No entanto, ele continua sendo usado em algumas nações no combate à malária e outras doenças tropicais, matando mosquitos e outros insetos transmissores.
O uso de pesticidas dobrou desde a década de 1950, e cerca de 2,5 milhões de toneladas de pesticidas industriais são usadas agora todos os anos.
Legislação
[editar | editar código-fonte]Na maior parte dos países, a venda ou uso de um pesticida deve ser aprovada por uma agência do governo. Diversos estudos devem ser feitos para indicar se o material é eficaz no combate às pragas.
Alguns pesticidas são considerados demasiadamente perigosos para serem vendidos ao público em geral. Somente pessoas e/ou organizações que passaram por avaliações prévias podem comprar e supervisionar a aplicação destes tipos de pesticida.
Segundo a legislação brasileira,[2] as substâncias tóxicas utilizadas na agricultura devem ser obrigatoriamente denominadas como agrotóxicos. O seu uso pode causar contaminação ou até mesmo desertificação dos solos.[carece de fontes]
Efeitos nocivos de pesticidas
[editar | editar código-fonte]Do lado do custo do uso de pesticidas, pode haver custos para o meio ambiente, para a saúde humana, bem como custos de desenvolvimento e pesquisa de novos pesticidas[2].
No ambiente
[editar | editar código-fonte]O uso intenso de agrotóxicos pode levar a degradação dos recursos naturais, em alguns casos de forma irreversível, levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos, entre eles a contaminação dos lençóis freáticos e do próprio solo. O uso de pesticidas levanta uma série de preocupações ambientais. Mais de 98% dos inseticidas pulverizados e 95% dos herbicidas chegam a um destino diferente de suas espécies-alvo, incluindo espécies não-alvo, ar, água e solo[3]. A deriva de pesticidas ocorre quando pesticidas suspensos no ar como partículas são levados pelo vento para outras áreas, potencialmente contaminando-as.
Os pesticidas são uma das causas da poluição da água, e alguns pesticidas são poluentes orgânicos persistentes e contribuem para a contaminação do solo e das flores (pólen, néctar)[4]. Além disso, o uso de pesticidas pode afetar adversamente a atividade agrícola vizinha, pois as próprias pragas se deslocam e prejudicam as plantações próximas que não têm pesticidas usados nelas[5].
Além disso, o uso de pesticidas reduz a biodiversidade, contribui para o declínio dos polinizadores[6][7][8], destrói o habitat (especialmente para pássaros)[9] e ameaça espécies ameaçadas de extinção[10]. As pragas podem desenvolver uma resistência ao pesticida (resistência a pesticidas), necessitando de um novo pesticida. Alternativamente, uma dose maior do pesticida pode ser usada para neutralizar a resistência, embora isso cause um agravamento do problema de poluição ambiental.
Entre os animais marinhos, as concentrações de agrotóxicos são maiores nos peixes carnívoros, e ainda mais nas aves piscívoras e nos mamíferos do topo da pirâmide ecológica[11]. A destilação global é o processo pelo qual os pesticidas são transportados das regiões mais quentes para as mais frias da Terra, em particular os pólos e os topos das montanhas. Os pesticidas que evaporam na atmosfera a uma temperatura relativamente alta podem ser levados pelo vento a distâncias consideráveis (milhares de quilômetros) até uma área de temperatura mais baixa, onde se condensam e são levados de volta ao solo pela chuva ou neve[12].
De acordo com um estudo da US Geological Survey (em inglês), pesticidas foram encontrados em lagos, rios e córregos nos Estados Unidos. Tal situação se repete em outros países.
Na agricultura
[editar | editar código-fonte]Através do processo de seleção natural, as pragas podem se tornar muito resistentes à ação do pesticida. Os agricultores, então, aumentam a quantidade do pesticida usado, intensificando o problema.
Houve muitos estudos com agricultores com o objetivo de determinar os efeitos nocivos à saúde resultantes do contato com pesticidas.[3] Uma pesquisa em Bangladesh sugere que muitos agricultores não precisam aplicar o pesticida em suas plantações de arroz, mas continuam a fazê-lo somente porque o pesticida é pago pelo governo (vide artigo).
Outros estudos indicaram que a exposição ao pesticida está associada, a longo prazo, com vários problemas de saúde, tais como: dificuldades respiratórias, problemas de memória, problemas na pele,[4][5] câncer,[6] depressão,[7] etc..
Resíduos de pesticidas em alimentos
[editar | editar código-fonte]Devido aos impactos de pesticidas no meio ambiente, é grande o risco de que haja contaminação de alimentos por pesticidas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture) desenvolveu um programa chamado Pesticide Data Program que teve, como objetivo, verificar o índice de alimentos contaminados por pesticidas vendidos em território estadunidense. Iniciado em 1990, o programa coletou dados de aproximadamente 60 tipos diferentes de alimentos e cerca de 400 tipos de pesticidas a partir de amostras retiradas nos locais de venda. Os primeiros resultados foram divulgados em 2004.[8]
Na página 30, por exemplo, são analisadas amostras de frutas contaminadas com pesticidas. Alguns dados obtidos:
Fruta/Vegetal | Nº amostras analisadas | Amostras com resíduos detectados | % de amostras contaminadas | Diferentes pesticidas encontrados | Resíduos diferentes encontrados |
Maçã | 774 | 727 | 94 | 33 | 41 |
Alface | 743 | 657 | 88 | 47 | 57 |
Pera | 741 | 643 | 87 | 31 | 35 |
Suco de laranja | 186 | 93 | 50 | 3 | 3 |
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