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Maio de 1968

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Barricadas em Bordéus em maio de 1968

O Maio de 1968 foi um movimento político na França que, marcado por greves gerais e ocupações estudantis, tornou-se ícone de uma época onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem. A liberação sexual, a Guerra no Vietname, os movimentos pela ampliação dos direitos civis compunham toda a pólvora de um barril construído pela fala dos jovens estudantes da época. Mais do que iniciar algum tipo de tendência, o Maio de 68 pode ser visto como desdobramento de toda uma série de questões já propostas pela revisão dos costumes feita por lutas políticas, obras filosóficas e a euforia juvenil.[1]

No dia 2 de maio de 1968, estudantes franceses da Universidade de Nanterre fizeram um protesto contra a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres. Na verdade, esse simples motivo vinha arraigado de uma nova geração que reivindicava o fim de posturas conservadoras. Aproveitando do incidente, outros universitários franceses e grupos político partidários resolveram engrossar fileiras dos protestos contra os problemas vividos na França. Com a cobertura televisiva, o episódio francês ficava conhecido pelo mundo.

Em pouco tempo, o contorno das questões que motivavam o protesto ganhavam contornos mais amplos e delicados. Os estudantes passaram a exigir a renúncia do presidente Charles de Gaulle, considerado um conservador, e a convocação de eleições gerais eram as novas propostas dos manifestantes. A partir daí a cidade de Paris transformou-se em palco de confrontos entre policiais armados e manifestantes protegidos em barricadas. Desprovidos de igual força bélica, os revoltosos atiravam pedras e coquetéis molotov contra os policiais. No dia 18, os trabalhadores protagonizaram uma greve geral de proporções alarmantes. Mais de 9 milhões de trabalhadores cruzaram os braços exigindo melhores condições de trabalho. Acuado pela proporção dos episódios, o presidente Charles de Gaulle se refugiou em uma base militar alemã, concedeu um abono de 35% ao salário mínimo e convocou novas eleições legislativas. Dessa forma, os trabalhadores esvaziaram os espaços de manifestação e voltaram a ocupar seus postos de trabalho.

Nas eleições convocadas pelo governo francês, os políticos vinculados à figura de Gaulle conseguiram expressiva vitória. O presidente saiu do episódio como uma figura capaz de contornar os problemas enfrentados pela sociedade da época.

Mesmo sem alcançar algum tipo de conquista objetiva, o movimento de Maio de 68 indicou uma mudança de comportamentos. As artes, a filosofia e as relações afetivas seriam o espaço de ação de um mundo marcado por mudanças. Não podemos bem ao certo julgar esse episódio como imaturo ou precipitado. Muito menos sabemos limitar precisamente o quanto o mundo modificou a partir de então. No entanto, podemos refletir qual o lugar que a rebeldia e vigor das ideias ocupam em uma sociedade sistematicamente taxada de consumista e individualista.

Descrição

Começou como uma série de greves estudantis que irromperam em algumas universidades e escolas de ensino secundário em Paris, após confrontos com a administração e a polícia. A tentativa do governo gaullista de esmagar essas greves com mais ações policiais no Quartier Latin levou a uma escalada do conflito, que culminou numa greve geral de estudantes e em greves com ocupações de fábricas em toda a França.

Análise

Alguns filósofos e historiadores afirmaram que esse evento foi um dos mais importantes e significativos do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores e camponeses — que eram maioria — mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe. Além disso, teve intrínsecas ligações com os acontecimentos do pós-guerra e com os da Guerra Fria.

Outras interpretações inserem o Maio de 1968 no contexto de manifestações e insurreições bem mais amplas que os acontecimentos franceses, tais como o ‘Outono quente’ italiano e o “Cordobazo” argentino, culminando na Primavera de Praga na Tchecoslováquia. O traço em comum entre tais levantes seria o repúdio a linha oficial da União Soviética e ao Stalinismo.[2]

A maioria dos insurretos era adepta a ideias de esquerda. Muitos viam os eventos como uma oportunidade para sacudir os valores da "velha sociedade", contrapondo ideias avançadas sobre a educação, a sexualidade e o prazer. Entre eles, uma pequena minoria, como o Occident, professava ideias de direita.

Na cultura popular

No cinema

  • O filme Baisers volés (1968), de François Truffaut, se passa em Paris durante os protestos. Embora não seja um filme abertamente político, ele contém referências e imagens das manifestações. O filme capta o sentimento revolucionário do período e explica por que Truffaut e Jean-Luc Godard pediram o cancelamento do festival de Cannes de 1968.
  • O filme Mourir d'aimer (1971), de André Cayatte, é baseado na história verídica de Gabrielle Roussier, uma professora de estudos clássicos (interpretada no filme por Annie Girardot) que cometeu suicídio após ter sido sentenciada culpada por ter tido um romance com um de seus alunos durante maio de 1968.
  • O filme Tout Va Bien (1972), de Jean-Luc Godard, examina a luta de classes que continuou na sociedade francesa após maio de 1968.
  • O filme A Mãe e a Puta (1973), de Jean Eustache, ganhador do Grand Prix (Festival de Cannes), cita os eventos de maio de 1968 e explora as suas consequências.[3]
  • O filme Cocktail Molotov (1980), de Diane Kurys, conta a história de um grupo de amigos franceses que estavam em viagem a Israel mas decidem voltar a Paris após ouvir notícias sobre as manifestações.
  • O filme Milou en mai (1990), de Louis Malle, é um retrato satírico sobre o impacto do fervor revolucionário de maio de 1968 sobre a burguesia de uma pequena cidade.
  • Um filme de Bernardo Bertolucci de 2003, Os Sonhadores, baseado na novela The Holy Innocents de Gilbert Adair, narra a história de três jovens que, durante o Maio de 1968, veem a revolução acontecer pela janela do quarto. Nos extras de um DVD do filme, há um documentário sobre a época. O movimento é descrito por acadêmicos contemporâneos como uma crítica a sociedade ocidental capitalista contemporânea e uma volta a um romântico passado idealizado.[4]
  • O filme Les amants réguliers (2005), de Philippe Garrel, conta a história de um grupo de amigos que participa dos protestos, e suas vidas um ano após.
  • No filme OSS 117: Rio ne répond plus (2009), o protagonista Hubert ironiza os estudantes hippies ao dizerː "É 1968. Não haverá revolução. Cortem os cabelos".
  • O filme Après mai (2012), de Olivier Assayas, conta a história de um jovem pintor e seus amigos que levam a revolução para suas escolas locais e têm que lidar com as consequências existenciais e legais do ato.

Na música

  • A música "Verão de 68" da banda punk brasileira Blind PigsPorcos Cegos, trata da história de uma mulher guerrilheira do MR-8 durante os protestos de 68 no Brasil.
  • A canção "É Proibido Proibir", de Caetano Veloso, tirou seu nome de um grafite pichado nas ruas de Paris durante o Maio de 1968. A canção protestava contra o regime militar brasileiro.[5]
  • A letra da canção Street Fighting Man (1968), dos Rolling Stones, se refere aos protestos vistos sob a perspectiva de uma "sonolenta cidade de Londres". A letra foi adaptada à melodia de uma canção dos Stones com letra diferente e que não havia sido lançada. A melodia também traz influências do som das sirenes dos carros de polícia franceses.[6]
  • A obra "Sinfonia" (1968/1969), de Luciano Berio, incluiu slogans do Maio de 1968.
  • Muitas letras do cantautor anarquista francês Léo Ferré foram inspiradas pelo Maio de 1968, como "L'Été 68", "Comme une fille" (1969), "Paris je ne t'aime plus" (1970), "La Violence et l'Ennui" (1971), "Il n'y a plus rien" (1973) e "La Nostalgie" (1979).
  • A canção Paris Mai (1969), de Claude Nougaro.[7]
  • Vangelis lançou, em 1972, o álbum Fais que ton rêve soit plus long que la nuit (Faça seus sonhos maiores que a noite). O álbum contém sons das manifestações, canções e um noticiário.[8]
  • O funcionário italiano imaginário descrito por Fabrizio De André no seu álbum Storia di un impiegato (1973) tem a ideia de explodir uma bomba em frente ao Parlamento da Itália, ao ouvir as notícias sobre os acontecimentos de maio na França e comparar sua vida tediosa com a emocionante vida dos revolucionários na França.[9]
  • A canção Bye Bye Badman, do álbum The Stone Roses (1989) da banda The Stone Roses, é sobre os protestos. A capa do álbum traz as três cores da bandeira da França, assim como limões (os quais foram usados pelos franceses para anular os efeitos das bombas de gás lacrimogênio durante o Maio de 1968).[10]
  • A canção Papá cuéntame otra vez (1997), de Ismael Serrano, se refere ao Maio de 1968, quando dizː "papai, me conte outra vez aquela linda história, de guardas, fascistas e estudantes de cabelo compridos; de doce guerra urbana com calças boca de sino, e canções dos Rolling Stones, e garotas com minissaias".[11]
  • A canção "Protest Song '68" (1998), da banda sueca Refused, é sobre os protestos de maio de 1968.[12]
  • O videoclipe da canção I heard wonders (2008), do músico norte-irlandês David Holmes, se baseia nos protestos, e alude à influência da Internacional Situacionista nos mesmos.[13]

Na literatura

Nos jogos eletrônicos

  • O jogo de 2010 Metal Gear Solid: Peace Walker tinha um pequeno resumo do Maio de 1968 e sua influência sobre a personagem Cécile Cosima Caminades.

Na televisão

  • No sexto episódio (For Immediate Release) (2013) da sexta temporada da série de televisão Mad Men, Arnie Rosen fala para Marie Calvet, mãe de Megan Draper, que está enviando seu filho para Paris. No episódio seguinte (Man With a Plan), a esposa de Arnie, Sylvia, fala sobre os incêndios em Paris e sua preocupação em não conseguir falar pelo telefone com o filho.[14]

Ver também

Referências

  1. «O que foi o Movimento de Maio de 68 na França?» 
  2. Matteo Bavassano. «O 1968: um movimento internacional de revolta contra o sistema». Teoria & Revolução. Consultado em 20 de agosto de 2018 
  3. Pierquin, Martine (julho de 2014). «The Mother and the Whore». Senses of Cinema. Consultado em 1 de junho de 2017 
  4. The revolutionary romanticism of May 68
  5. Christopher, Dunn (2001). Brutality Garden: Tropicalia and the Emergence of a Brazilian Counterculture. University of North Carolina Press. p. 135.
  6. "Eu queria que [o canto] soasse como uma sirene da polícia francesa. Era o ano em que tudo aquilo estava acontecendo em Paris e Londres. Havia todos aqueles tumultos que aquela geração à qual eu pertencia, feliz ou infelizmente, estava esperando com impaciência. Era previsível que alguém nos Estados Unidos iria achar aquilo ofensivo - ainda acontece isso hoje. Deus os abençoe. Amo os Estados Unidos exatamente por isso." NPR Music. Disponível em https://www.npr.org/2012/11/13/165033885/keith-richards-these-riffs-were-built-to-last-a-lifetime. Acesso em 23 de janeiro de 2018.
  7. The New York Times. Disponível em http://www.nytimes.com/2004/03/22/arts/claude-nougaro-french-singer-is-dead-at-74.html. Acesso em 22 de janeiro de 2018.
  8. Griffin, Mark J. T. (2013-03-13). Vangelis: The Unknown Man. Lulu Press, Inc.
  9. Giannini, Stefano (2005). "Storia di un impiegato di Fabrizio De André". La Riflessione. pp. 11–16.
  10. Bye Bye Badman. Disponível em http://www.john-squire.com/art/gallery_byebyebadman.html. Acesso em 23 de janeiro de 2018.
  11. Elmundo.es. Disponível em http://www.elmundo.es/especiales/2008/04/internacional/mayo_68/canciones/cancion02.html. Acesso em 24 de janeiro de 2018.
  12. Kristiansen, Lars J.; Blaney, Joseph R.; Chidester, Philip J.; Simonds, Brent K. (2012-07-10). Screaming for Change: Articulating a Unifying Philosophy of Punk Rock. Lexington Books.
  13. RTÉ. Disponível em https://www.rte.ie/entertainment/2008/0825/414398-davidholmes/. Acesso em 23 de janeiro de 2018.
  14. Uproxx. Disponível em http://uproxx.com/sepinwall/review-mad-men-man-with-a-plan-this-is-your-captain-speaking/. Acesso em 24 de janeiro de 2018.

Ligações externas

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