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Ijexá (ritmo)

Ijexá é um ritmo oriundo da cidade de Ilexá, na Nigéria[1] e foi levado para a Bahia pelo enorme contingente de iorubás escravizados que aportou neste estado do final do século XVII até a metade do século XIX.[2]

O ritmo vem sendo executado na música brasileira por artistas diversos tais como Gerônimo, Antônio Carlos e Jocáfi, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Clara Nunes, Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Edil Pacheco e BaianaSystem.[3]

Música ritualística de origem africana, o ijexá foi levado para o Brasil pelos iorubás escravizados. No Candomblé nagô da Bahia, é fortemente empregado nos cultos religiosos, a exemplo dos dedicados aos orixás Ogum e Xangô, quando em sua origem é dedicado especialmente a Xangô (as exceções em que este toque não se pratica são aqueles dedicados aos orixás de origem jeje: Omulu, Oxumarê e Nanã).[3]

No final do século XIX, o ijexá passou a transcender os rituais do Candomblé e passou às ruas de Salvador por meio dos afoxés: o primeiro deles a desfilar foi no ano de 1895; dali em 1897 outro grupo apresentou-se com o tema "As Cortes de Oxalá" até que em 1922 se deu o primeiro afoxé devidamente organizado e integrando o cortejo do carnaval: o "Afoxé Papai Folia".[3]

Uma das primeiras gravações conhecidas deste gênero musical foi a música Babaô Miloquê, pelo cantor e compositor baiano Josué de Barros acompanhado da Orquestra Victor Brasileira, regida por Pixinguinha, que também foi o arranjador da música lançada no ano de 1930 e anunciada como "batuque africano".[3][4]

Em seu livro de 1947 "Cancioneiro da Bahia" Caymmi traz, no português da época, a música "Afoché", que provavelmente data de época anterior; foi gravada, contudo, a primeira vez por Vanja Orico em 1964 (sem observar, entretanto, fidelidade ao ritmo no arranjo feito, o que ela fez numa regravação junto ao grupo Quinteto Violado, em 1994) – e no livro, classificando-a como música do folclore, o autor explica que "os dois estribilhos em nagô são legítimos e puros estribilhos dos ‘afochés’ da Bahia”; indo adiante, Caymmi, talvez sob a influência de apropriação do folclore pelo erudito proposta por Mário de Andrade, qualifica a canção como “estranha e bárbara” - apesar de ele próprio vir da Bahia.[3]

O ritmo foi sempre o toque característico do afoxé Filhos de Gandhy que, fundado em 1949, é uma referência na capital baiana para o ijexá; também o cantor Gilberto Gil, responsável pelo fortalecimento deste afoxé, tem toda uma produção em que o ijexá se faz presente.[3]

Em 1985 a minissérie baseada na obra de Jorge Amado Tenda dos Milagres trouxe na sua trilha sonora a composição de Caymmi e ainda os ijexás “É d’Oxum” (de autoria de Gerônimo e Vevé Calasans, gravada originalmente pelo primeiro e na produção televisiva pelo grupo MPB4) e “Eloiá” (“Eloyá”), atribuída como tradicional e gravada por Dhu Moraes, levando ao resto do país o ritmo que, na Bahia, já era uma constante a partir da década de 1960 quando passou a se afirmar como uma "vertente afro na música baiana".[3]

Assim é que, no III Festival de MPB da antiga emissora Record, a cantora Maria Creusa apresentou “Festa no Terreiro de Alaketu”, de Antonio Carlos Marques Pinto, cujo arranjo lembra o ijexá em certo trecho – mas não obteve sucesso e pouco contribuiu para a divulgação do ritmo.[3]

Em 1979 Caetano Veloso gravou "Beleza Pura" no disco Transcendental que alcançou enorme sucesso, e ainda "Badauê", ambos ijexás.[3]

Características

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O ijexá tem por padrão rítmico original a presença de três tambores, agogô (gã) e vozes, com um andamento próprio; além do ritmo em si e do texto no idioma iorubá, o ijexá se compõe também da coreografia, o modo como é dançado, que inclui a forma ritual religiosa, uma "encarnação dramática".[3]

Ao longo do tempo, entretanto, o ritmo passou várias mudanças, fruto da sua assimilação pela cultura do país, de modo que sofreu reduções, adaptações e mudanças "que atingiram a temática, o padrão rítmico, a forma de se cantar, a instrumentação, o sentido de sua realização".[3] Desse modo o ijexá incorporou instrumentos comuns na música popular, como violão e guitarra, bateria, contrabaixo, pandeiro e até piano.[3]

Essa influência e mistura demonstra, também nesse ritmo de matriz africana, a contribuição sócio-musical das comunidades negras para a originalidade e diversidade da música popular brasileira.[3]

Referências

  1. LÜHNING, Angela. “Música: Coração do Candomblé”, in Revista USP, n. 7, pp. 115-24.
  2. ELTIS, David. “A Diáspora dos Falantes de Iorubá, 1650-1865: Dimensões e Implicações”, in TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 283, 286, 294
  3. a b c d e f g h i j k l m Alberto T. Ikeda (2016). «O ijexá no Brasil: rítmica dos deuses nos terreiros, nas ruas e palcos da música popular». Revista USP, São Paulo, n. 111, p. 21-36. Consultado em 25 de março de 2019. Cópia arquivada em 25 de março de 2019 
  4. BESSA, Virginia de Almeida. Um Bocadinho de cada Coisa: Trajetória e Obra de Pixinguinha. História e Música Popular no Brasil dos Anos 20 e 30. Dissertação de mestrado. São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, 2005.
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