For faster navigation, this Iframe is preloading the Wikiwand page for Festa brasileira de Rouen em 1550.

Festa brasileira de Rouen em 1550

Entrada do rei Henrique II em Rouen. Observa-se uma ilha montada com árvores e índios tupinambás à esquerda, e abaixo na direita uma representação de guerra tupinambá e tabajara.[1] Gravuras em manuscritos na Biblioteca Municipal de Rouen.

A chamada festa brasileira foi um espetáculo em Rouen, na França, em 1550, que envolveu uma representação teatral com nativos brasileiros ocorrida durante a celebração da entrada do rei Henrique II na cidade. Além de homenagear a monarquia francesa, ela teria promovido a empresa de expedições austrais imperialistas e o mito do bom selvagem.

Em 1° e 2 de outubro de 1550, Henrique II e sua esposa, Catarina de Médici, e filha Marguerite, foram recebidos em Ruão, após sua passagem e festa em Lião. Realizaram-se encenações que envolveram cerca de 50 indígenas trazidos da colônia do Brasil, além de 250 marinheiros normandos e bretões habituados à terra nova e falantes de tupi, postos como figurantes fantasiados de silvícolas, e mulheres francesas (alguns apontam como prostitutas locais) nos papéis femininos.[1][2][3] Organizada como "schiomaquia", a festa contou com cenas montadas em uma ilha com árvores representando o pau-brasil e em campos às margens do rio Sena, onde foram instaladas habitações como aldeias simuladas, nas quais os índios e atores encontravam-se nus e pintados de urucum, praticando hábitos de vida que imitariam os dos nativos: caçando, fumando tabaco, pescando, deitavam-se em redes, etc.[1][2] Relata-se que nas praças eram exibidos e estavam soltos papagaios, macacos, saguis e marmotas que os navios burgueses de Ruão haviam também trazido anteriormente.[2]

A "festa brasílica" foi patrocinada por comerciantes e armadores da cidade, organizada por uma companhia de comércio chamada "França Atlântica".[4] Foi um empreendimento que visava promover o projeto colonizador nas terras austrais americanas pelo Reino da França, que realizava expedições ilegítimas, como a instalada posteriormente na Guanabara como França Antártica.[1] A entrada de Rouen deu-se também como um encontro diplomático,[1] estando presentes Maria Stuart, rainha da Escócia, Nicolas de Villegaignon (que iniciaria a França Antártida), líderes militares, representantes religiosos, núncio papal e embaixadores da Alemanha, Inglaterra, Veneza, e Espanha e Portugal;[2] devido a esse contexto, os franceses manifestaram na festa um teor ideológico e de propaganda, as cenas retrataram o tráfico do pau-brasil e denunciavam atos dos exploradores espanhóis e portugueses considerados pelos franceses como violentos e bárbaros. Um objetivo dos franceses era fomentar a aliança com indígenas como parceiros comerciais e futuros súditos sob um regime humanitário, propondo um projeto civilizatório imperialista que envolveria evangelização dos nativos e transmissão de maneiras culturais francesas, alfabetização, artes e ciências.[1]

Considera-se que a imagem positiva dos indígenas foi a primeira apresentação da política do bom selvagem, cuja tradição foi seguida posteriormente por humanistas franceses como Jodelle, Ronsard e Montaigne. Os franceses adotaram um caráter de tentativa de diálogo com os nativos brasileiros, como nas empreitadas por Villegagnon. As ambições de aliança foram demonstradas na teatralização: na encenação da guerra entre nativos, os tupinambás, apoiados pelos franceses, vencem a guerra contra os tabajaras.[1]

Figure des Brisiliens ("Cena dos Brasileiros").Aldeia etnográfica montada em Rouen.

Ocorreu também uma naumaquia chamada de "Triunfo do Rio": combate naval encenado com duas naus equipadas no rio Sena, uma representando uma caravela portuguesa e a outra uma embarcação francesa no mar brasileiro. Os franceses encerraram como vencedores, incendiando a caravela e pondo os marinheiros portugueses em fuga.[1]

Mais tarde, Michel de Montaigne narra que em 1562 foram novamente apresentados em Rouen alguns índios, desta vez ao rei Carlos IX e a ele, tendo relatado isso e incorporado a figura da ingenuidade indígena na seção "Dos canibais" em seu Ensaios; no entanto, são questionadas as informações desse encontro, que teria ocorrido com representantes de três tribos brasileiras em 1565 em Bordeaux.[5]

O evento da festa brasileira teria sido relatado em 1550 por escrito primeiramente por Robert Masselin[6] e em 1551 na Narrativa da suntuosa entrada, atribuída a Maurice Scève.[7] O brasilianista Ferdinand Denis estudou o ocorrido e divulgou seu registro encontrado, publicando em 1850 na França a obra Uma Festa Brasileira celebrada em Rouen em 1550 (Une fête brésilienne célébrée à Rouen en 1550).[2]

Referências

  1. a b c d e f g h Filho, José Alexandrino de Souza (2008). «A "Festa Brasileira" ou o Teatro do "Bom Selvagem": um estudo sobre o Papel do índio brasileiro na entrada de Henrique II em Rouen em 1550». Morus. Utopia, Reforma e Contra-Reforma. 5 
  2. a b c d e Denis, Ferdinand (2007). Fête brésilienne célébrée à Rouen en 1550. [S.l.]: Bazar das Palavras 
  3. Schwarcz, Lilia Moritz (2 de fevereiro de 2008). «Ferozes e dignos, índios para francês ver». O Estado de S. Paulo - Cultura 
  4. França, Jean Marcel Carvalho (8 de dezembro de 2007). «"Uma Festa Brasileira": Clássico da historiografia resgata vestígios de um Brasil francês - 08/12/2007». Folha de S.Paulo - Crítica 
  5. Filho, José Alexandrino de Souza (2009). «A utopia tupi, segundo Montaigne». Morus. Utopia, Reforma e Contra-Reforma. 6
  6. Sponsler, Claire (12 de junho de 2019). «Traveling Players: Brazilians in the Rouen Entry of 1550». In: Sponsler, Claire; Chen, Xiaomei. East of West: Cross-cultural Performance and the Staging of Difference (em inglês). [S.l.]: Springer 
  7. Torelly, Luiz Philippe (setembro de 2016). «Filosofia e desigualdade. A festa brasileira em Rouen – 1550». Vitruvius. Resenhas Online. ano 15 (177.05). ISSN 2175-6694 

Leitura adicional

[editar | editar código-fonte]
{{bottomLinkPreText}} {{bottomLinkText}}
Festa brasileira de Rouen em 1550
Listen to this article

This browser is not supported by Wikiwand :(
Wikiwand requires a browser with modern capabilities in order to provide you with the best reading experience.
Please download and use one of the following browsers:

This article was just edited, click to reload
This article has been deleted on Wikipedia (Why?)

Back to homepage

Please click Add in the dialog above
Please click Allow in the top-left corner,
then click Install Now in the dialog
Please click Open in the download dialog,
then click Install
Please click the "Downloads" icon in the Safari toolbar, open the first download in the list,
then click Install
{{::$root.activation.text}}

Install Wikiwand

Install on Chrome Install on Firefox
Don't forget to rate us

Tell your friends about Wikiwand!

Gmail Facebook Twitter Link

Enjoying Wikiwand?

Tell your friends and spread the love:
Share on Gmail Share on Facebook Share on Twitter Share on Buffer

Our magic isn't perfect

You can help our automatic cover photo selection by reporting an unsuitable photo.

This photo is visually disturbing This photo is not a good choice

Thank you for helping!


Your input will affect cover photo selection, along with input from other users.

X

Get ready for Wikiwand 2.0 🎉! the new version arrives on September 1st! Don't want to wait?