Badre Almutadidi
Abunajém Badre Almutadidi | |
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Nacionalidade | Califado Abássida |
Etnia | Turco |
Progenitores | Pai: Cur ou Cair |
Ocupação | general |
Religião | Islamismo |
Abunajém Badre Almutadidi (Abu'l-Najm Badr al-Mu'tadidi) foi o comandante militar chefe do Califado Abássida durante o reinado do califa Almutadide (r. 892–902). Originalmente um escravo militar (gulam ou maula) que serviu sob o futuro Almutadide na supressão da Rebelião Zanje, sua habilidade e lealdade levaram-no a tornar-se o comandante-em-chefe do califa, exercendo considerável influência no governo do Estrado por todo o reinado de Almutadide. Ele foi executado em 14 de agosto de 902 devido às maquinações do vizir ambicioso, Alcacim ibne Ubaide Alá.
Vida
[editar | editar código-fonte]Badre foi filho de um dos escravos libertos (maulas) do califa Mutavaquil (r. 847–861), cujo nome é incerto (Cur ou Cair). Ele começou sua carreira como um estribeiro sob o mestre do estábulo de Almuafaque (r. 870–891), o regente do califado durante o reinado de seu irmão Almutâmide (r. 870–892) e pai do futuro califa Almutadide (r. 892–902).[1][2] Ele então tornou-se membro dum grupo de escravos militares ou pajens (gulans) recrutados por Almutadide para as campanhas contra a Rebelião Zanje, e logo aparece como uma das figuras mais proeminentes entre este grupo. Como os outros gulans de Almutadide, seu nome é um "nome de animal de estimação" em vez de um nome regular, significando "lua cheia".[3] Outrossim, seu cúnia foi "Abunajém" ("Pai da Estrela"), e ele teve um filho chamado "Hilal", "lua nova".[4] Durante a Guerra Zanje, os gulans, frequentemente com o jovem Abul Abas como chefe, desempenhou um importante papel na luta, fornecendo aos exércitos abássidas um núcleo profissional, liderança e empreendimentos nos mais difíceis assaltos.[5]
Badre foi um dos mais confiáveis serventes de Almutadide, e tornou-se todo-poderoso sob o patrocínio do último. Já pela época da sucessão de Almutadide como regente do califado em junho de 891, Badre foi nomeado como chefe da segurança (saíbe da xurta) de Bagdá.[1][6] Quando Almutadide sucedeu no trono em outubro de 892, Badre tornou-se comandante-em-chefe do exército. Além de liderar numerosas expedições em pessoa como parte das campanhas de califa para restaurar o poder abássida, ele também veio a exercer um enorme poder político: poderia executar um veto em todas as decisões governamentais importantes, enquanto sua filha casou-se com um dos filhos de Almutadide, o futuro califa Almoctadir (r. 908–932).[7][8] Era um firme amigo de Ubaide Alá ibne Solimão, vizir de grande parte do reinado de Almutadide, a quem foi frequentemente capaz de proteger dos ataques de fúria do califa. A relação de trabalho suave deles era instrumental para impedir o atrito entre os militares e a burocracia civil que havia debilitado governantes anteriores.[9] Como tal, foi frequentemente elogiado pelos poetas cortesões, juntamente com o próprio califa, particularmente Alçuli.[10] Em Bagdá, foi confiado com a supervisão da reconstrução da Grande Mesquita da cidade, originalmente fundada por Almançor (r. 754–775). Ele também construiu um palácio para si no novo distrito palaciano situado na porção da cidade a leste do rio Tigre, em honra a quem o portão vizinho de Babal Chaça (Porta Privada) tornou-se conhecida como Babe Badre.[11]
Quando Ubaide Alá morreu em 901, seu patrocínio foi instrumento para assegurar a sucessão do filho de Ubaide Alá, Alcacim, no vizirado, mas o último não exibiu qualquer gratidão por isso. De fato, Alcacim logo começou a criar intrigas entre o califa e seus filhos, mas quando tentou aproximar-se de Badre para assegurar o apoio do exército, ele foi rejeitado com indignação. Alcacim foi salvo de ser denunciado e executado pela ausência de Badre, que estavam em campanha, da capital, e pela súbita morte de Almutadide em abril de 892.[12] Como Badre ainda representava uma ameaça, Alcacim moveu-se rapidamente para difamar o general para o novo califa, Almoctafi. Suas maquinações rapidamente surtiram efeito, e Badre foi forçado a fugir para Uacite. Em seguida, Alcacim seduziu-o para retornar à Bagdá sob garantia de passagem segura (amane), mas em 14 de agosto de 902 em Almadaim, os agentes do vizir atacaram Badre enquanto estava orando e cortaram sua cabeça e enviaram ao califa. O corpo foi deixado para trás, e depois recuperado por seus parentes e enviado para ser sepultado em Meca.[13] A morte de Badre foi criticada pelos poetas do período, e mesmo o califa, "que poderia ser esperado dar um suspiro de alívio ao ver a cabeça do uma vez poderoso general", diz-se que teria reprovado Alcacim por isso.[10]
Referências
- ↑ a b Pellat 2004, p. 117.
- ↑ Bowen 1928, p. 43.
- ↑ Kennedy 2001, p. 151–152.
- ↑ Tabari 1985, p. 106 (nota 133).
- ↑ Kennedy 2001, p. 153–154.
- ↑ Fields 1987, p. 168.
- ↑ Pellat 2004, p. 117–118.
- ↑ Bowen 1928, p. 43–44.
- ↑ Bowen 1928, p. 44.
- ↑ a b Pellat 2004, p. 118.
- ↑ Le Strange 1900, p. 270.
- ↑ Bowen 1928, p. 57–58.
- ↑ Bowen 1928, p. 58.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bowen, Harold (1928). The Life and Times of ʿAlí Ibn ʿÍsà: The Good Vizier. Cambridge: Cambridge University Press
- Fields, Philip M., ed. (1987). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVII: The ʿAbbāsid Recovery. The War Against the Zanj Ends, A.D. 879–893/A.H. 266–279. Albany, Nova Iorque: State University of New York Press. ISBN 0-88706-053-6
- Kennedy, Hugh N. (2001). The armies of the caliphs: military and society in the early Islamic state. [S.l.]: Routledge. ISBN 0-415-25093-5
- Le Strange, Guy (1900). Baghdad during the Abbasid Caliphate from contemporary Arabic and Persian Sources. Oxford: Clarendon Press. OCLC 257810905
- Pellat, Ch. (2004). «Badr al-Muʿtaḍidī». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume XII: Supplement. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-13974-5
- Tabari (1985). Rosenthal, Franz, ed. The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVIII: The Return of the Caliphate to Baghdad: The Caliphates of al-Muʿtaḍid, al-Muktafī and al-Muqtadir, A.D. 892–915/A.H. 279–302. SUNY Series in Near Eastern Studies. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 978-0-87395-876-9
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